
24 jul Diabólido
“ E a gente chega na canção “Diabólido”, do álbum “Carnavalha” de Pedro Ivo Frota , outra parceria dele com Mauro Aguiar
Diz a letra:
” Pintou o diabo
Baba de quiabo
Flauta de Pã
Comigo ninguém pode
Barba de Bode
Moleque Satã
(…)
Pintou o capeta
Gato na trombeta
Teta de Baal
Uma pá de cal
Choque de cometa
Chifre em dromedário
Caos hereditário
Xô otário, xô otário”!
E assim o Diabo Entrudo veio dançando para mim ao imaginar a canção. O Entrudo, festividade ibérica que acontecia já entre aldeões portugueses no século XVII e onde muitos fabricavam enormes bonecos de palha que davam os nomes de Dona Quaresma e Senhor Entrudo, eram levados nas ruas, gritavam obscenidades, brincavam e brigavam, em um desvario que certamente funcionava como catarse.
O Carnaval é esse lugar da inversão, da brincadeira sacana, das confusões e alegrias.
De sentir medo e atração pelo outro lado da máscara.
É vestir uma persona zombeteira para se esvaziar da tristeza.
É saber que tudo se arruma depois do caos.
A flauta de Pã também é o grito de carnaval.
“Diabólido” é uma canção que vai num crescendo, agita o incômodo, nos devolve igualmente uma face sombria.
O conflito humano. O pacto luciferiano.
Afinal, quem tem coragem de retirar sua máscara?”
// Texto e Arte de Luciana Nabuco