
24 jul Meiúca
“ Qual é o seu desejo?
A Navalha rompe a carne, lâmina da Malandra. Quem foi ferida já sabe, sobreviver é uma arte.
O artista é um sobrevivente e um supravivente. Morre, renasce, reinventa.
Escancara essa Saia.
Para mim a canção “Meiúca” é esse rodopio, ao invés do Malandro, foi Ela quem surgiu. Para dizer que existe e sorri.
Na poesia de Mauro Aguiar
“Ali na Meiúca na loca, na boca me criei
Ali que me fio, me crio, me viro
Ali que me sinto rei.
Ali no meu canto, no ponto
Do santo que subiu
Ali na Meiúca ninguém me cutuca
E eu curto assim
Ali que me encosto, me gosto, me curto
Ali que será meu fim…”
A faixa do álbum Carnavalha , dessa vez com as vozes de Pedro Ivo Frota e @muatomuato foi me engolindo.
Há um cruzo interessante que me chamou a atenção. “Meiúca” para mim se insere nas canções crônicas das ruas assim como “Na batucada da vida”, samba de Ary Barroso e Luiz Peixoto de 1934.
Essa personagem que nasce largada na porta dos enjeitados e subverte a moral escrota de uma sociedade racista, ainda diz. Vou viver, e vou viver na rasgada!
” E hoje que eu sou mesmo da virada
Que topo qualquer parada
Que por Deus fui esquecida
Irei cada vez mais me esmolambando
Seguirei sempre cantando
Na Batucada da vida…”
As canções se convergem, passado e presente nessa macumba brasileira.
Navalha foi abrindo e mostrando caminho.
Solta, comendo seu desejo. Solta, abrindo meu desejo.
Car-Navalha.
Esse desafio tá bonito. Para quem chegou agora, nas postagens anteriores recebi o convite para ilustrar cada canção do álbum “Carnavalha ” de @pedroivomusica.
Acompanhem o álbum Carnavalha.
“Navalha – acrílico sobre papel”
//Texto e arte de Luciana Nabuco