
14 dez Jovem Guarda
Numa dessas palestras geniais do Ariano Suassuna no YouTube ele diz que existe gênio com mau gosto mas nunca viu um gênio com gosto médio. Para o Suassuna o gosto médio é mais prejudicial em arte do que o mau gosto. Na fala do Ariano não tem nenhuma arrogância, pelo contrário, só sutileza e humor que dá gosto de ouvir. Acho radical quando ele ataca a cultura pop, como se fosse impossível sair algo original a partir disso, por outro lado perdoo, um escritor genial que bebeu na alta cultura pode chamar tudo que vem do pop de ” muderno”. Ele pode. Acho bem diferente do tradicionalismo um pouco forçado em algumas produções atuais. Quando escolho a nova – mpb como o segmento para criticar é justamente por essa ideia do gosto médio. O popularesco sempre existiu e sempre vai existir, não há pretensão nele, é assumidamente pra todos e pra ganhar dinheiro. (Hj o funk, axé, pagode, sertanejo universitário). Não tem problema nisso, a não ser como crítica à cultura de massa. Agora quando a classe média pega um termo que representou a música brasileira dentro e fora do Brasil e faz algo que cai no gosto médio, transformando num segmento de mercado, aí acho que vale o questionamento sim. O problema não está em fiscalizar o fiofó alheio, cada um é livre para fazer o quê quiser. Mas quando existe uma confusão de ” prateleiras ” de mercado, isso deve ser apontado. O conteúdo dessa produção atual da nova – mpb não estaria nem entre a produção da Jovem Guarda na época do tropicalismo, que olhando de hj parece bom pra caralho. O Arrigo, atento que é a tudo isso, pegou a obra do Roberto Carlos e fez uma releitura. Falo tudo isso porque as vezes parece que a dialética entre mercado, relevância artística, novo, e velho praticamente não existe e é fundamental. Não vejo muitas pessoas falando disso.