13 dez Eat That Question
Quem tiver a oportunidade de ver o documentário “ Eat that Question “ sobre a vida e obra do Frank Zappa não vai se arrepender Como fazem falta artistas e figuras públicas que são realmente rebeldes, que vão além da rebeldia panfletária dos dias de hoje que representa mais um sintoma de moralidade do que qualquer outra coisa. O cara era um comunicador nato, irônico, político e fazia questão de recusar rótulos fáceis. Escreveu peças para orquestra e flertou com a estética do rock, sinfônica e do jazz sempre de modo peculiar, popular, teatral, inovador sem abrir mão da crítica. Era sarcástico quando falava do ‘sonho americano’ e ao mesmo tempo apontava o fascismo na esquerda e na direita. Foi um cara que fez questão de viver para a música com integridade. É um desafio isso, e o documentário mostra que ele levou a sério. O cara nadou contra a maré da caretice que naquela época já assombrava em vários níveis e que hoje nos assombra mais do que nunca. Todo dia me pergunto o que é ser artista hoje no Brasil e só tenho uma certeza, isso vai muito além desse jogo publicitário bobo das redes sociais, esse filminho bonitinho e hipócrita que criamos em nossas timelines. É absolutamente contraditório a lógica publicitária das redes com qualquer propósito artístico honesto Mas enquanto não podemos mudar as regras do jogo precisamos jogar Que seja da forma mais criativa e rebelde possível, fugindo da idealização falsa e boicote que fazemos de nós mesmos porque as regras do Jogo só vão ficar mais difíceis Nós não precisamos caber em nenhuma fotografia idealizada, a alma quer e precisa ir além disso Viva Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção, todos os artistas que levam a sério o propósito de fazer música e arte no Brasil porque não é fácil