18 out Manifresto Carnavalha – Mauro Aguiar
Carnavalha
Por uma falha no sistema
Por um tema sem pé nem cabeça
Por uma peça que não encaixa
Por uma baixa no boleto
Por um quarteto nas cordas
Pelas hordas ríspidas rasgando a pele das lojas
Por corjas vaporosas, pela soberba migalha
Carnavalha
Pela gentalha andrajosa
Pela nervosa carne que o dente aceita
Por uma seita sem rumo
Pelo sumo do silêncio
Pelo cio ao rés do sonho
Pelo medonho adornado
Pelo lado da forra do lado de fora
Por agora e por toda a franca genitália
Carnavalha
Por uma folha infinita de rascunho
Pelo punho do malabarista morto
Pelo liberto no indulto
Pelo culto ao deus campônio
Por um anônimo não
Por um sertão ao pé do ouvido
Pelo caído, o sem noção, o pela saco
Pelo fraco e pelo hirto
Por um porto inoportuno em cada ilha
Carnavalha
Por uma válvula de escalpo
Por um palco tacanho e sem tamanho
Por um banho de perjuros
Por mais furos na redoma: britadeira
Pela beira de um abismo ao fim da festa
Pela fresta da fundura
Pela cura da procura do sentido mais puído
Por um ruído viperino
Por um desatino doce
Pela posse das faculdades dementadas
Por nadas mais eloquentes
Pelos nus mais inocentes
Por menos corpos dando corpo aos nós da batalha
Carnavalha
Por um tempo intumescido
Por um bandido de bandeide
Pela Neide do necrotério
Pelo mictório livre
Por um Louvre muvucado
Pelo dado assim desgraça
Por uma farsa gambiarra
Pela farra do caboclo
Por um louco em cada telha
Carnavalha
Por um valha-me meu santo de cabeça oca
Pela sandália de dedo em riste
Pelo chiste, chispa de veneno
Por um cano que se entre todo humano
Pelo plano abaulado pela vida
Pela ida à Ítaca e pela volta à Tróia
Pela nóia do oceano palafítico
Pela Era Psicotropicálida
Por mais água pura em cada talha
Carnavalha
Um comentarista do WordPress
Posted at 11:04h, 18 outubroOlá, isso é um comentário.
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